sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mortes de Crianças e Adolescentes na Imprensa Nacional

 



A pesquisa nasceu de uma preocupação do Centro Brasileiro para Infância e Adolescência (CBIA) com a constituição de um sistema nacional de monitoramento da violência. O objetivo da investigação consistiu em um diagnóstico das mortes violentas de crianças e adolescentes nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe, Pernambuco e Amazonas, no período de 01 de agosto de 1991 a 31 de janeiro de 1992, com base em informações e notícias veiculadas pela imprensa periódica. Buscou-se: (a) conhecer a magnitude do fenômeno; (b) caracterizar as ocorrências, identificando situações preferenciais de risco; (c) caracterizar o perfil sociais das vítimas, identificando grupos, no interior da população infantil e jovem, preferencialmente visados pela ação dos agressores; (d) caracterizar o perfil dos agressores, identificando grupos sociais nos quais eles são preferencialmente recrutados, bem como a possível existência de coletivos organizados para perpetrar parte das mortes observadas na pesquisa. As fontes consultadas foram: O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde e Notícias Populares (São Paulo); Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, O Povo (Rio de Janeiro); A Gazeta e A Tribuna (Espírito Santo); Jornal de Sergipe e Jornal da Manhã (Sergipe); Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio (Pernambuco); e A Crítica e O Povo (Amazonas). Os resultados da pesquisa identificaram 607 mortos, nos seis estados, no período observado. Essas mortes compreendem acidentes de trânsito, outros acidentes, homicídios e outras modalidades de morte violenta. Em relação aos homicídios, a maior incidência ocorre no Estado do Rio de Janeiro (73.1%), seguida das ocorrências verificadas nos Estados de Pernambuco (70.2%) e de São Paulo (69.7%). Vê-se, por conseguinte, que os assassinatos de crianças e adolescentes respondem, nestes estados da federação, em torno de 70% da mortalidade violenta nos segmentos etários juvenis. 
As vítimas em potencial provêm de grupos pauperizados, com maior predominância de jovens, na faixa etária de 15-17 anos. A despeito desse padrão, há variações entre os estados. No Rio de Janeiro, é bastante elevado o percentual de jovens do sexo masculino vitimizados (82.4%), ao contrário dos outros estados onde esta proporção oscila entre 65% e 75%. No estado de Sergipe, a proporção de jovens, do sexo feminino, vitimizadas (40%), está muito acima das proporções nos outros estados, que oscilam entre 20 a 25% das mortes.

Um comentário: