quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O que seram delas quando forem adolescentes ? 2

Definido o abrigo, ou seja, o local deste meu trabalho de campo, de minha etnografia, prosseguirei agora com minha primeira experiência lá.

Como já mencionei, o abrigo acolhe crianças e adolescentes de até 18 anos de idade. O município já chegou a acolher até um bebê sozinho de apenas oito meses de idade. Em contrapartida, abriu também exceções para a estadia e permanência de maiores de 18 anos.

Antes de eu ir trabalhar no abrigo, educadores amigos meus já haviam falado dele para mim, tanto positiva como negativamente, mas nada supera a experiência real. E lá chegou a hora de ir conhecer meu novo local de trabalho.





Um dia antes de começar, eu e uma recém-contratada educadora fomos chamados pela diretora da época para conversarmos antes com ela. Seria a primeira vez que entraria em um abrigo. Como seriam os menores de lá? Aliás, menores que não podem ser chamados de “menores”, pois era um termo inadequado, gerava discriminação; eles eram apenas as crianças e os adolescentes. Mas, como eram eles? “Criminosos”, “mal-encarados”, “cheios de ódio pela sociedade”? Como deveria eu me vestir? Como deveria agir para ser aceito? E, o principal, como não demonstrar medo?

Então coloquei minha camisa regata, vesti minha bermuda, coloquei um boné, não fiz a barba, e fui. Quando eu cheguei no escritório, as educadoras de plantão me olharam estranho. Tudo bem que ninguém me conhecia, mas me olharam muito estranho. A copeira passou por mim, deu um bom-dia e entrou na cozinha: “Dona Zilda, bota mais água no feijão aí, que chegou mais um moleque”. Acharam que eu era mais um interno que acabara de chegar! Mas não, era apenas mais um educador, quem diria. Tive que me apresentar para todos, a fim de que não restasse nenhuma dúvida quanto a isso.

Iniciei no turno da noite por dois meses, e depois passei a trabalhar de dia, o que é muito mais cansativo, uma vez que os internos estão acordados, e bem acordados.

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