quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Adolescentes fanáticos




Produção de cartas kilométricas com declarações de amor ao ídolo, esperar por até 15 horas na fila pra comprar ingressos, dormir em aeroportos e até mesmo acampar semanas antes no local do show faz parte da rotina de um fã. Vale tudo pra chegar mais perto de seu artista preferido. “Larguei tudo aqui e fui pro show em São Paulo ”, conta o dançarino Jorge Luis, 18 anos. Em 2006, ao saber que seu grupo preferido, o sexteto pop mexicano RBD, não iria fazer show em sua cidade ele não pensou duas vezes, vendeu algumas coisas que tinha e perdeu o emprego em uma banda conhecida para ir de Recife até a capital paulista.
A busca por um ídolo marca a adolescência, pois é quando procuramos referência fora do convívio familiar e é onde projetamos o que gostaríamos de ser, já que é uma fase de construção da identidade. Se por um lado, ser fã é uma fonte de inspiração, por outro pode ser prejudicial ao se perder a racionalidade e se ver totalmente dependente da fantasia e perder sua persoanalidade. E assim como tudo em excesso é prejudicial, amar demais também é preocupante, é o que alertou uma pesquisa feita pela revista americana Scientific American que traçou o perfil de cerca de 600 pessoas e o grau de dependência do fanatismo por seus ídolos.
“Dedicar todo o meu tempo ao RBD prejudicou minha vida escolar, mas de outra forma eu sou mais feliz hoje, conheci meus melhores amigos e me apaixonei”, relata outro adolescente pernambucano Luiz Alves, de 17 anos. Sua mãe, preocupada, o levou ao psicólogo quando ele tinha 15 anos por causa de seu fanatismo, o que para ele não mudou em nada. E realmente não mudou, o psicólogo disse ser apenas algo passageiro e hoje sua mãe o apoia. Para a psiquiatra Ivete G. Gáttas, da Unidade de psiquiatria da criança e da adolescência da Universidade Federal de São Paulo, o fanático se torna " mais ou menos como um dependente de drogas a vida passa a girar em torno daquela pessoa e de tudo que lhe diga respeito."
Infelizmente nem todos os adolescente fanáticos tomam atitudes como as de Jorge e Luiz, alguns casos mais sérios viraram notícia com finais trágicos.
Em setembro de 2005, duas adolescentes francesas se jogaram de um prédio em Paris, no bolso de uma delas foi encontrado um bilhete com o trecho da música “Suicide is sexy” da banda de Anorexia Nervosa. Logo após a morte do vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, vários adolescentes deixaram bilhetes suícidas, dizendo terem optado pela morte, assim como seu ídolo. E em maio, uma inglesa de 13 anos se enforcou ao som da banda My Chemical Romance e a mãe culpa o estilo emo pela ação da filha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário